quarta-feira, 11 de junho de 2014

Porque Usamos Droga?

Esta postagem é do blog amandoumdependentequimico, que diz tudo!!!

Na semana passada, participei de uma reunião do Movimento Pedagogia das Virtudes, que é um movimento que trabalha pelo despertar e fortalecimento dos valores éticos na sociedade.

Na reunião em questão, falamos muito sobre dependentes químicos e seus familiares. E confesso que saí de lá muito reflexiva, e com vontade de dividir com vocês as minhas reflexões.

Em 2013, o Datafolha realizou uma pesquisa que indicou que o maior medo do paulistano é o medo de ter um familiar envolvido com drogas. Esse medo foi mais cotado do que o medo de ter sua casa invadida por assaltantes ou mesmo de ser assaltado na rua.

Nós, familiares de dependentes, somos vistos como grandes sofredores. E, na maioria das vezes, os dependentes são vistos como grandes vilões.

Você já parou para se perguntar de onde saiu essa visão formada sobre a dependência química? Já parou pra analisar como esse assunto é abordado pela mídia, quase sempre de forma sensacionalista?

Certa vez, perguntaram para Richard Davenport-Hines, que estudou a relação entre os homens e as drogas ao longo da história, por que o ser humano consome drogas? E ele respondeu: “Porque isso faz parte da natureza do ser humano”.

Talvez alguns estejam pensando: “Cara, a Polyanna pirou! Agora ela vai defender o uso de drogas?!”

Não é nada disso! Sou radicalmente contra o uso de drogas porque acredito que isso seja uma forma de suicídio, que começa matando a dignidade do ser, e que traz muito sofrimento para ele e para todos que o amam.

Mas, a minha intenção neste post é fazer com que nós, familiares de dependentes químicos, consigamos desmistificar um pouco a questão da dependência química.

Eu pergunto: por que as pessoas usam drogas? E as respostas podem ser: “para sentirem prazer” ou “para fugirem da realidade”.

Portanto, quem não usa nenhuma “droga”, então, que atire a primeira pedra.

Gente, vivemos hoje em uma sociedade totalmente entorpecida.

Muita gente “normal” faz uso contínuo de remédios para dormir ou para se acalmarem. Ritalina e Fluoxetina daqui a pouco serão vendidas na padaria da esquina, porque a cada dia se tornam mais comuns dentre as pessoas “normais”.

Isso não seria, de certa forma, uma fuga da realidade, ou uma busca por uma satisfação também?




E o que dizer dos iphones, ipads, tablets, etc? Tudo isso é coisa de gente “normal”. Gente que não olha mais nos olhos. Gente que não conversa mais com os filhos. Gente que está totalmente ausente da vida que acontece ao redor. Gente que está fugindo do mundo real, e buscando por algum prazer, mesmo que esse prazer seja uma “curtida” na postagem em rede social.

O que é a televisão? Não seria também uma espécie de “droga”? A função dela também não é essa, a de nos “alienar”?

Quanta gente joga de forma compulsiva, e acredita que é apenas uma “fezinha”. Quanta gente come de forma compulsiva, buscando na comida o prazer e uma fuga. Quanta gente é viciada em gente (codependentes), buscando na vida do outro a solução para a sua própria vida.

Ah, e é claro, que gente “normal” toma bebida alcóolica pelo menos na sexta e sábado, e em todas as festas, afinal, sem bebida não há diversão.

Nossa sociedade está adoecida!

Não importa se é cocaína ou se é o teclado do iphone, tudo é resultado da busca do ser humano por algo que preencha o seu vazio interior.

Vivemos em uma correria louca, buscando espaço nesse mundo insensível, agitados para construirmos nossos “castelos de areia”.

Pouco a pouco, parece que as pessoas se tornaram menos importantes do que as coisas. Dá a impressão de que gente é algo trivial, e que o essencial são as coisas, o ter. E é essa inversão de valores e conceitos que têm nos tornado dependentes de todo tipo de droga, porque está muito difícil viver nesse mundo “de cara limpa”.

Então, querido leitor, seu familiar não é diferente dos outros. A questão é que o tipo de droga que ele experimentou, e pela qual ele se viciou, o faz ter atitudes que o expõem.

Mas, ele continua sendo um ser humano, como qualquer outro.

Não sou a favor da facilitação do uso de drogas. Não sou a favor de que a família se torne refém do adicto. Mas também não sou a favor daqueles que “atiram pedras” em quem está adoecido pelo uso de drogas.

Todos nós temos telhado de vidro.




Acho que é hora de pararmos um pouco, e voltarmos ao que é essencial em nossa vida. O essencial são as pessoas que amamos. O essencial são os seres, não os objetos e não os conceitos.

Acho que é hora de voltarmos à prática do diálogo sincero, olho no olho, sem superioridade ou inferioridade em relação ao outro.

Acho que é hora de tirarmos as pedras das mãos, colhermos flores, e as distribuirmos uns aos outros.

Afinal, quem é que vive realmente sóbrio nesse mundo louco de hoje?

Mães de dependentes químicos, não sintam vergonha do seu filho, ele pode sair dessa, e com apoio se torna menos difícil.

Esposas de dependentes químicos não se envergonhem de amarem alguém adoecido pelas drogas, ele também é um ser humano.

Não somos melhores nem piores do que ninguém. Podemos erguer nossas cabeças, e juntos lutarmos contra o que está afligindo a nossa família.

E acredito que, quando voltarmos ao simples, ou seja, quando voltarmos a valorizar o prazer do que é realmente essencial na vida, como um jantar reunidos à mesa, uma oração em família, a brincadeira com as crianças, o tempo com as pessoas, e nos esquecermos dessa luta para manter a aparência de que também somos “normais”, deixaremos de necessitar tanto assim das “drogas”, porque o nosso vazio interior estará preenchido.






Fiquem com Deus!

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